A obra de Netanyahu |
Hoje completa 12 meses, um ano, de combates e destruição em Gaza. São contabilizados 42.000 mortos, sendo 16.750 crianças e 10.000 desaparecidos, números que mesmo Kanafani ou Said teriam dificuldades em imaginar. Pouco ou nada sobrou do pequeno território palestino de 360 quilômetros quadrados. E não há previsão no horizonte de expectativas de paz duradoura. A propósito, não vejo mais a chance de que, depois dos ataques recentes ao Líbano e Síria, seja possível algum tipo de acordo fechado em uma mesa de negociações. Ela, quando vier, será estipulada pelos Estados Unidos e União Europeia, de acordo com os propósitos estipulados pelo governo Netanyahu. Simples assim. Se não existe qualquer confiança do governo israelense para com os palestinos, agora mais do que nunca são os palestinos que não têm qualquer confiança em um acordo equânime com Israel. E nem pensar no Hezbolah e no Irã. Qualquer cessar-fogo duradouro parece ter ficado absolutamente impossível neste ano que passou. Ainda não há notícias sobre os 97 reféns restantes nas mãos do Hamas, o que parece incrível depois de uma ocupação minuciosa de Gaza. A eliminação de Nasrallah e de praticamente todo o comando do Hezbolah, os bombardeios contínuos no Líbano fazem com que Netanyahu não se detenha em sua sanha sanguinária, até o ponto de restaurar à sua maneira alguma paz na região. O forte ataque do Irã há uma semana mantém pendente uma retaliação israelense, que não se sabe como nem quando ocorrerá, mas que em todas as hipóteses, ampliará dramaticamente o cenário de destruição e morte.
Depois das marchas dos aposentados e, na semana passada, das universidades, o governo Milei sentiu mais uma vez a voz das ruas. A grande questão que fica é, até que ponto esse ruído afeta um presidente que dá mostras de não se incomodar nem um pouco com o bem-estar da população. Nos dois casos, vetou o aumento de verbas para ambas as categorias, sob a patética desculpa de não comprometer o equilíbrio das contas públicas. Balela! O impacto no orçamento não passaria de 0,14% do PIB argentino, o que, mesmo para quem diz que no hay plata, o valor é irrisório. Considerando que a inflação prevista para este ano estará em torno de 150%, praticamente sem reposição salarial, com perdas acumuladas do poder aquisitivo, o cenário de pobreza, atualmente em 52,9% da população, só tenderá a aumentar.
Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), o atual prefeito, disputam o segundo turno em São Paulo, ficando de fora o candidato surpresa destas eleições, Pablo Marçal. Um outsider sem qualquer profundidade intelectual, e que ficou menos de 1% atrás de Boulos (56 mil votos), o segundo colocado. O mais absurdo foi que, durante uma hora, das 17h35 às 18h39, o segundo turno indicava Nunes e Marçal! A grande pergunta: quem é capaz de ser seduzido pelas "ideias" de Marçal? O fato é que, ainda que o PT tenha feito a maior bancada de vereadores, 8 no total, ela é irrisória diante da frente de partidos conservadores e de direita, que deverão controlar a Câmara. No total, os partidos progressistas, incluindo o PT, não soma 20 das 55 cadeiras, prometendo problemas em um eventual governo Boulos - o que me parece muito difícil de acontecer. No Brasil também prevaleceu uma onda conservadora, que deixa as perspectivas para as eleições de 2026 bem sombrias.
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