by Ernest Haas |
Em nome da defesa intransigente de Israel em se defender (“Estaremos sempre ao lado de Israel contra ameaças à sua segurança”) o que seja necessário para a manutenção do status quo, o controle das ações econômicas, políticas e como bem vemos, jurídicas, será feito. Seguindo essa ordem natural do big stick, o governo Biden se insurge contra a decisão do Tribunal Penal Internacional em emitir mandados de prisão para líderes israelenses, como o premiê Benjamin Netanyahu ("Esse pedido de prisão é ultrajante"). O que não significa dizer que o o mandado de prisão emitido contra Putin seja questionado ou levantado. Dessa maneira, o massacre contra a população palestina segue seu curso, com toda a liberdade.
Chega-se a altura em que o povo argentino começa a passar fome. Os dados de fins de março (Indec) apontam que a pobreza alcançou 41,7% da população argentina e nada parece indicar que esse índice irá estacionar ou refluir. O dado mais grave, 12,3% das pessoas vivem abaixo da linha de pobreza, ou seja, um quarto da população total do país. O neoliberalismo libertário, responsável pela escalada do alastramento do estado de indigência, da alta dos preços, do desemprego, do corte de verbas aos centros de acolhimento, à saúde e à educação pública, à cultura, age livremente, como postula suas diretrizes ideológicas, sem oposição do poder econômico, ou das nações industriais do hemisfério norte. Milei circula em mais um passeio turístico pelos Estados Unidos, e em discurso recente, o Estado não vai interferir no quadro de fome que grassa pelo país, em bom castelhano, "Ante la supuesta decisión de los ciudadanos de no ingerir alimentos y, por lo tanto, morir de hambre, los gobiernos no tienen que intervenir en el mercado", e mais adiante, "Algo van a hacer para no morirse". E assim, sua política de "dane-se o povo" segue sem percalços, ainda forte e sem obstáculos.
O capitalismo de catástrofe, tal como operou após a passagem do furacão Katrina, em New Orleans, não perde a oportunidade para alavancar seus negócios com as enchentes do Rio Grande do Sul. O debate sobre a tragédia climática, com 467 dos 491 municípios gaúchos afetados, é encaminhada de modo ágil pelos influencers para a realização de negócios. O esforço coletivo solidário tem como resposta o "nós por nós", e nessa correia de transmissão, novamente entre no debate a exclusão do poder público e a participação da iniciativa privada, ao sabor das normatizações de mercado, na reconstrução do Estado. As palavras de ordem são pela necessidade de "um novo Plano Marshall" e nesse sentido, as corporações apresentam suas reivindicações para participarem da reconstrução. Uma consultoria contratada para gerenciar essa restauração/renovação é a mesma que operou em New Orleans, removendo os negros dos bairros centrais para os novos empreendimentos, e como bem apontam os fatos, a discussão principal por aqui, ou seja, como evitar novas catástrofes por omissão ou má gestão, parece seguir os mesmos passos privatistas do pós-catástrofismo.
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