Um longo dia na vida de Ângelo Domani |
Ontem passei por um momento muito especial: dei minha aprovação às provas pré-impressão da capa e do miolo de meu romance. Ele está definitivamente pronto! E o mais gostoso de tudo, ter a publicação. O texto que girou por vinte e cinco anos encontra seu formato e seu conteúdo, que não saberia dizer se é o ideal. Há um lindo prefácio da Profa. Dra. Ana Maria Haddad Baptista, que explora alguns importantes aspectos da obra. Seu primeiro parágrafo me agrada de modo especial:
"Quando
se pensa que tudo está quase perdido ou que os tempos líquidos afogaram, de
forma definitiva, as memórias dignas de permanência em termos de
literatura... eis que uma voz se levanta e ressoa no impossível vazio de um
abismo incomensurável. Eis o que a leitura deste romance nos diz em primeira
mão. Ainda existe uma literatura que pode ser chamada como tal. Ainda existe
uma literatura que não se rendeu aos apelos de Narciso e seus fiéis seguidores
sequiosos e espelhados nas redes das raízes dos nenúfares que enredam,
maliciosamente, almas despedaçadas como diria Spinoza."
Sei que se trata de um resultado bem-sucedido, que me deixa muito satisfeito.
Poderia dizer que um longevo objetivo de vida foi alcançado. A alegria que me ilumina é a de ter chegado a um ponto final, a algo que não acreditava
que pudesse acontecer da maneira que aconteceu, o texto escolhido ao final de uma seleção de obras, e fazer parte do elenco de escritores de uma jovem editora. Por trás de tudo, o componente afetivo, a ficção calcada nas memórias da juventude, um lugar que esteve muito presente em minha formação e que no texto se apresenta como um cenário vivo, vestígios de realidade e memória, que acolhe o personagem principal e se revela sob um pseudônimo, Buganvília.
Desejo conversar longamente com meu editor e saber como a obra o impressionou. Quando me telefonou comunicando-me da decisão da editora, ele até chegou a descrever o processo, "gostei muito, li o livro em dois dias", mas o cabedal de seus comentários se perdeu em meio aos meus devaneios e preocupações, naquele dia de setembro, com a saúde de meu pai.
Em suma, para mim,
este romance estava fadado a permanecer na gaveta por outros vinte anos, sem que eu chegasse
a alguma conclusão sobre a qualidade da obra. Desde meu último livro de crônicas, O que
aparentemente nos resta, prometi para mim mesmo que entrava em uma etapa onde
não mais pagaria para ter meus livros publicados. Resta
alcançar a terceira etapa programada, ter a satisfação de ver a obra circular
para além de meu grupo de relacionamento, para outros horizontes.
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