Alfonsina Storni (1892-1938) |
Alfonsina Storni tem sido muito presente nestes dias, em meus momentos de leitura, de reflexão, de descanso. Suas poesias exerciam um apelo mágico, grandioso, e depois de nossa viagem em janeiro a Buenos Aires, sua presença se acentuou em nosso entorno. Mônica trouxe suas prosas completas, e em meu aniversário ganhei Sou uma selva de raízes vivas, uma coletânea de suas poesias organizada por seu tradutor e estudioso, Wilson Bezerra. No volume, um posfácio magnífico que situa a autora em seu tempo, junto às tensões existenciais, de seus enfrentamentos silenciosos em uma sociedade conservadora até a medula, que resistia em reconhecer seu talento como escritora. E ao final, os suicídios de Horacio Quiroga e de Leopoldo Lugones abrem caminho para que também encontre sua maneira de deixar este mundo, já tomada por um câncer. Em nossas despedidas noturnas, declamo a Moniquinha suas poesias, e ontem foi o momento de Monotonía, do livro Languidez (1920).
MONOTONIA
Cono dizer este desejo de alma
Um desejo divino me devora,
pretendo falar, porém se rompe e chora
isto que levo dentro e não se acalma
Pretendo falar, porém se rompe e chora
o que morre ao nascer dentro da alma.
Como dizer o mal que me devora,
o mal que me devora e não se acalma?
E assim passam os dias pela alma,
e assim em seu dano obsessionada, chora:
Como dizer o mal que me devora,
o mal que me devora e não se acalma?
(traduzido do original em espanhol Antología Poética, Ediciones Mestas, BsAs, 2000)
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