22 junho 2022
O que aparentemente nos resta - entrevista
20 junho 2022
Sobre a natureza criminosa
São Paulo ao anoitecer |
Ah como são alvissareiras estas manhãs de sol aberto e generoso! Além de afastar o frio, oferecem perspectivas de jornadas calorosas. Isso parece pouco, mas foi um dos raros alentos que me animou ao longo destes últimos seis anos, ver o dia raiar ensolarado! E pouco mais de alegria, como minhas escrituras e o amor vivido com Moniquinha. Situações que despontaram com regularidade, amenizando o descalabro desse desgoverno que nos enfiou em uma sepultura úmida e escura.
Dia 15 foram encontrados os corpos do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, cruelmente assassinados no vale do Javari, Amazônia brasileira. Algum capitão do mato a mando de garimpeiros, madeireiros e pescadores ilegais da região fez o serviço, afundando depois a embarcação em que os dois estavam. As autoridades passaram a se empenhar nas buscas apenas depois do clamor internacional, o que criou uma pressão insustentável para evitar a ocultação do crime.
O patético ex-capitão que ocupa a presidência deste país, havia atribuído o desaparecimento de
ambos à "uma aventura que não é recomendável que se faça", simples
assim. Fico pensando com meus botões se uma aventura recomendável é ameaçar constantemente a democracia brasileira com bravatas. Deixa o depravado, sempre consciente de suas parvoíces, escapar a natureza criminosa que condena diariamente seu desgoverno.
E penso diariamente nesse estado de coisas: a que ponto um cidadão é capaz de chegar para cumprir um desígnio maléfico, a serviço de um crápula, ou de uma ideologia? O que o induz a agir com tamanha e descomunal violência contra outro cidadão? Que vozes se permite ouvir para vandalizar, quebrantar, assassinar e como é possível depois viver com a consciência permanente da ação criminosa? Qual a paz que encontra? Qual o consolo que o acalenta? Como consegue voltar a conviver com os sentimentos humanos no convívio social?
15 junho 2022
O mamarracho das classes dominantes
As caveiras de Eisenstein em A Linha Geral |
Os bandidos flibusteiros e seu capitalismo espoliativo abocanharam, em leilão, a Eletrobras. Conseguiram. Quem se favorece nesse sistema? A oligarquia nacional, já há tempos aliada a uma oligarquia internacional, faz avançar esse capitalismo devorador, ou em outras palavras, o saqueio sem trégua, sem a menor preocupação com uma economia política sustentável. Prestam-se, no momento, com a inestimável ajuda desse capitãozinho de meia pataca, que nunca passou de um cipayo a serviço dos devoradores transnacionais e seu rentismo indecente.
Já não há mais a preocupação de se convencer politicamente as massas sobre as vantagens dessa ou daquela privatização alucinada, a preço de banana. O que prevalece são as regras dessa oligarquia para toda uma população adoecida e esfomeada. E a ponta de lança da ordem neoliberal é simplesmente, descaradamente, cuidar de seus interesses – rules based international order – que se pronuncia, hoje em dia, da maneira mais perversa no sul global (vale a leitura de Michel Hudson, O destino da civilização). Para tanto, sempre será inestimável os serviços de desgovernantes como o capitão de meia pataca.
É importante, mais do que nunca e de uma vez por todas, compreender que o fastígio do pensamento liberal – o chamado livre mercado que se autorregula – à maneira da escola de Economia de Chicago, se deu, nos Estados Unidos pelo controle (absorção ideológica) da imprensa, do aparato de segurança do Estado e, claro, do sistema escolar, eliminando-se disciplinas (e debates) do pensamento econômico e da história econômica. Aqui pertinho, vimos isso acontecer de maneira mais brutal ao longo do ciclo de ditaduras – Uruguai, Chile, Argentina, Bolívia, Brasil – com a implantação do malfadado Plano Condor.
mamarracho (do Google Tradutor): 1) persona que viste o se comporta de forma ridícula, generalmente para hacer reír a otros, como também; 2) persona que carece de formalidad y compostura y no merece ser tomada en serio ni ser ser tratada con respeto, ou uma terceira possibilidade, 3) figura, adorno u otra cosa que resulta fea, mal hecha y de ningún valor. O patético capitão que nos desgoverna cabe em qualquer das três definições, ou em todas elas.