Bansky
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O
mais inusitado desse momento na política brasileira é o completo imobilismo
diante dos fatos, como se qualquer atitude tomada não alterasse a dimensão do
cataclismo que envolve nossas vidas. Pois nada parece abalar a caminhada
destrutiva do capitão inconsequente e seu desgoverno em sua falta de projeto.
Como se não bastasse as ações que promovem o desastre econômico, sobrevém a
completa paralisia no combate ao Covid-19, ou mais precisamente, a profusão de
falas grosseiras que pretendem se assentar com naturalidade, como se a
bizarrice fosse o supra-sumo de uma nova ordem civilizatória em marcha.
Praticamente todos os dias nosso bom-senso é assaltado pelas
barbaridades discursivas desse desgoverno, seja do capitão imbecil ou de sua
insípida trouppe, amante do terraplanismo e da burrice
ontológica. Como se não bastasse jogar com palpites atravessados e
contraditórios sobre a pandemia que nos assola, exala-se o desrespeito pelos
mais de cinco mil mortos ao responder aos jornalistas que lamentava, mas não fazia milagres. A fala
obviamente foi muito mais intempestiva e jogou no ar mais um brado coletivo de
indignação, que como uma onda no mar, se eleva e morre na praia.
Fracassamos em nossos propósitos como Estado democrático de
direito a cada bufonaria proferida pelo imbecil, ainda que seja resguardado por
milhões de celerados que creem que ele faça parte de uma estirpe de mitos
olímpicos que resolverá os problemas do país. É impressionante ver a ignorância
grassar sem apelo, mas pior é observar o imobilismo de nossas instituições
públicas, de nossas representações políticas, das lideranças empresariais e
religiosas. Para não ser injusto, vi hoje uma live em que
participavam seis líderes políticos que se dignavam a articular uma forte
reação ao que consideram um presidente assassino e sua escalada fascista.
Mais uma vez penso que apenas se conseguirá agregar um punhado a
mais de almas confusas e arrependidas. Persiste a ausência de mobilização onde
se faz necessário; permanece a ausência de uma comunicação conjunta, que incorpore e contemple as parcelas menos favorecidas; persevera a completa
ausência de uma pedagogia crítica que possibilite o discernimento político.
Enfim, a oposição não consolida um projeto de atuação de suas bases, embora não
haja dúvidas de seu empenho junto às causas sociais pelo Estado do bem-estar e
sua manutenção.
Mas é doloroso ver as oportunidades, dadas por esse desgoverno,
serem desperdiçadas. Prevalece o dito de Pablo Neruda, el odio (que) se ha formado escama a escama, golpe a golpe, en el agua terrible del pantano.
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