A paisagem que usufruí de meu pequeno quarto, em Berlim. Na
falta de qualquer outro compromisso, sentava-me diante da escrivaninha, reescrevia
e imaginava a continuidade das narrativas de A Paixão Inútil, enquanto de tempos em tempos apreciava o silêncio
da paisagem congelada. Concedia liberdade à imaginação de meus personagens, que por
um momento desprendiam-se da concepção que lhes dava no papel para moverem-se
livremente naquele pátio íngreme e ao mesmo tempo libertário. Foi assim que
visualizei o simpático encontro entre os senhores Martinez e Virgílio, com seus
pesados casacos, a caminho de seus apartamentos, e as irmãs Christine e
Mellanie, elegantemente vestidas, de saída para um café nas imediações. Os
quatro não desejavam nada mais do que a introspecção do inverno. Um encontro
sob a neve da primeira manhã, onde foi possível apreciar a troca de cumprimentos, a
conversa breve e a despedida, esta sim, acalorada e generosa.
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