16 fevereiro 2019

Uma janela em Berlim

Kantstrasse, Berlim, inverno de 2010 

A paisagem que usufruí de meu pequeno quarto, em Berlim. Na falta de qualquer outro compromisso, sentava-me diante da escrivaninha, reescrevia e imaginava a continuidade das narrativas de A Paixão Inútil, enquanto de tempos em tempos apreciava o silêncio da paisagem congelada. Concedia liberdade à imaginação de meus personagens, que por um momento desprendiam-se da concepção que lhes dava no papel para moverem-se livremente naquele pátio íngreme e ao mesmo tempo libertário. Foi assim que visualizei o simpático encontro entre os senhores Martinez e Virgílio, com seus pesados casacos, a caminho de seus apartamentos, e as irmãs Christine e Mellanie, elegantemente vestidas, de saída para um café nas imediações. Os quatro não desejavam nada mais do que a introspecção do inverno. Um encontro sob a neve da primeira manhã, onde foi possível apreciar a troca de cumprimentos, a conversa breve e a despedida, esta sim, acalorada e generosa.


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