28 fevereiro 2018

O fim e o recomeço

Quando informação se confunde com publicidade

Há quase dez anos mostrava-me ansioso pela democratização de nossa mídia e meu esforço natural foi constituir um espaço para expressar em primeiro lugar minha indignação contra as formas de conteúdo midiático que naquele momento, antes das eleições de 2010, pipocavam pela mídia corporativa.

Simultaneamente avancei na expectativa de que as mídias digitais alternativas chegavam para democratizar a informação. Escrevi empolgados textos acadêmicos projetando uma democratização das mídias via coletivos e movimentos sociais, e penso hoje que me antecipei exageradamente ao processo histórico. 

O pior foi ver, ao longo desses anos, a esperança de independência política e econômica ao sul do rio Bravo dissipar-se como água na água. Nem autonomia política, nem desenvolvimento nacionalista, nem tampouco o fim da "velha mídia", como passamos a nos referir ao condomínio carcomido das famílias midiáticas.

As coisas falharam de modo desavergonhado, pois políticos da pior laia, os neoliberais de cartilha, os agentes do mercado financeiro, a burguesia ignara, a mídia corporativa-publicitária, assumiram a canalhice de fazer andar o desmantelamento do Estado do bem-estar social. Mais além de Keynes, Aristóteles e mesmo Maquiavel ficariam chocados com a destruição do conceito do bem viver.

Seja como for, a imagem que ilustra esta postagem é a prova cabal da desfaçatez desses atores que, juntos, e por um punhado de dólares, desestabilizam o Estado democrático de direito, fazendo prevalecer os seus interesses, formatados sabe-se lá em quais escritórios ideológicos. Uma coisa sei, essa corja não teria competência por si só para elaborar um projeto tão brutal e acabado.

São sombrias as perspectivas, muito mais do que as que se apresentavam no pós-golpe de 1964. Agora, a impressão é que não sobrará pedra sobre pedra ao final dos mandatos, golpistas ou não, após a vigência desse governo a serviço do Capital e das ordens forâneas. Venderão nosso patrimônio, dilapidarão nossos direitos, farão prevalecer uma ordem miserável e o que é grave, nos informarão disseminando a publicidade de seus interesses. Não sobrará além de um rastro de desconsolo e humilhação.

Nossa luta, em um governo de salvação nacional, há de começar pela denúncia dos traidores lesa-pátria, e prosseguirá com a democratização à força dessa mídia-corporativa-publicitária, que uma vez não tendo mais preocupações com o jornalismo - as verbas publicitárias governamentais são cada vez mais polpudas - já se desvincularam de qualquer responsabilidade ética com a notícia produzida.


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