As vozes, valendo qualquer coisa, qualquer fala que mova uma onda
fragorosa e ao mesmo tempo fenecida, curioso isso. As vozes que me esvaziam,
tão próximas e distantes, tão tonitruantes e desconexas. Uma fala, "Sou fiel ao
Brasil, não a Fidel"... A classe média branca em verde e amarelo,
assumindo-se como povo vilipendiado, abocanhando a desigualdade que desde sempre
impôs. Sente-se ofendida por um governo que odeia, e vocifera palavras de
ordem, "Fora Dilma, Fora PT"... As vozes que me esvaziam, esforço-me
para discernir as demandas sociais, os reclamos que as mobilizam... e me fazem
ouvir o arrastar dos grilhões, e com eles, o passar doloroso das horas...
Tivemos uma longa jornada sem consolidar a cumplicidade generosa de quem
constrói uma nação, mas tão somente o fluir de um sentimento odioso, que ainda
ecoa nas ruas. O espetáculo construído por dentro e por fora, a canalhice
cientificamente aplicada. Tudo sob a regência discursiva da velha mídia
corporativa, que refestela-se na leitura dos fatos e se vê, legitimada como
nunca, a desinformar em favor de seus interesses.
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