01 dezembro 2011

Guenádi Aigui


Sono e Poesia

(para Boris e Jerusa)

1

Dezembro - e por mais que nos animemos - de dia ou de noite - atrás das janelas - é sempre uma treva dezembrina.
A vida é o suportar dessa treva.
Semelhante treva dilata os espaços, como que incluindo-os em si, mas ela mesma é infinita. Isto é mais do que cidade e noite - você fica rodeado por certo, País-Intempérie, único, ilimitado.
Você deve sobrepujar ainda algumas horas de trabalho solitário. Você é um dos guardiães da noite - diz Kafka. 
Mas você se lembra da possibilidade de Abrigo, mesmo - de Salvação - da angústia soprada pela Intempérie-País.
Finalmente, você estende o cobertor por cima da cabeça, a outra extremidade você dobra sobre as pernas. E eis que já esperas que o sono te rodeie de todos os lados. Te encerre em seu Seio. Certamente não pensas no que isso lembra... Certo retorno? Ao quê? Para onde?
(...)

(extraído do livro Silêncio e Clamor)



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