A família toda - como nos belos dias do verão, antes de começarem as férias - almoça no jardim. Emília serve à mesa.
Ninguém fala, e o único ruído vem de um rádio estúpido e distante - e que parece festivo.
Embora escondam um segredo não partilhado, os olhares que Lúcia, Pedro e Emília só têm para o hóspede estão cheios de vibração e pureza.
Só Odete, fechada na sua agressiva palidez de pequeno coelho branco, parece ignorá-lo: e o faz quase abertamente. Isso, porém, a perturba. Só ela, pois, está imersa em outros pensamentos e não tem olhos para o hóspede. Porque até o pai - após as vicissitudes da noite ainda pálido e exausto - o contempla com um olhar que jamais teve antes.
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