Em menos de um mês, se vão dois personagens marcantes deste quarto de século: o Papa Francisco, no dia seguinte à Páscoa, 21 de abril, e Pepe Mujica, ontem. De ambos, mortos quase com a mesma idade, fica a terna lembrança de personalidades que lutaram bravamente contra os fascismos degenerativos, em busca de uma vida solidária e justa. De Francisco, fui aos poucos aprendendo como debelar infâmias com serenidade, sem ceder à mídia que o detratava, paulatinamente tendo contato o vigoroso percurso que realizou junto às causas sociais. Uma caminhada bastante solitária, mas determinada, amparado pela fé em que assumiu desde o princípio.
De Mujica, uma caminhada forjada no enfrentamento revolucionário, com a finalidade de promover uma governança alinhada ao bem-estar comum. Não conseguiu com o processo revolucionário, mas sim posteriormente, na atuação política com a democracia restaurada. Passei a admirar sua luta desde que seu nome se destacou como ex-guerrilheiro do MLN-T, e mais tarde, como integrante da Frente Ampla, vitoriosa em 2005 com Tabaré Vasquez. Vencedor do pleito seguinte, em 2009, seu governo deu continuidade aos fortes investimentos em políticas sociais que ocorreram naquele momento, simultaneamente, em diversos países da América do Sul, ao lado de Lula, Chávez, Evo, Bachellet, Correa, Kirchner e Lugo.
Em ambos, Pepe Mujica e Papa Francisco, a infindável sabedoria das palavras e das ações. Em ambos, a bondade militante que jamais cedeu em seus propósitos, ao promoverem um mundo melhor, mais autêntico e menos hipócrita, mais humano e menos mercadológico. Em minha opinião, ambos souberam mobilizar a razão das massas pelo coração; ambos souberam levar seus combates a um bom término, ao justificarem plenamente seus esforços para se pensar e viver uma verdadeira opção ao famigerado neoliberalismo.

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