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Nas ruas da Itália |
Tantos absurdos cometidos, que um a mais, outro a menos apenas reforçam a pobre liturgia dos eventos. Disso se trata o dia a dia no neoliberalismo, o que é fato em um momento, no outro deixa de sê-lo, e não raro, da forma mais patética e desprezível. Então, não é problema para um chefe de estado desancar com outro, de maneira vil, para depois desejar acompanhar pessoalmente seu funeral. E vai para o funeral levando uma comitiva imensa, desnecessária, em um verdadeiro voo da alegria. No meio dessa comitiva, a ministra de segurança que na véspera cerceou (e nas semanas anteriores brutalizou) com uma imensa tropa policial às manifestações de aposentados pelas ruas da capital, como a vigiar um inimigo ensandecido, que ameaça a segurança nacional. Desta feita não houve balaços, ainda que tenha comparecido muito gás pimenta. Também na comitiva comparece o porta-voz, aquele que regularmente porta mensagens dolorosas para a economia da nação, e que pretende surfar em alguma onda para alçar o governo da cidade autonoma, nas eleições vindouras. Nenhum mérito justificável, como gosta de proclamar aos quatro ventos, como bom neoliberal que é. Na comitiva vai a irmã do chefe de estado, a voz indispensável da consciência do mesmo, motivo mais do que suficiente para confirmar sua presença na viagem. Ao que parece, não estará presente nenhum dos cães que orientam ao chefe de estado, e temo por essa ausência sobre seu equilíbrio emocional. A esperança é que o cão defuntado possa inspirar com seus latidos do além o pobre presidente, tão solitário, tão infeliz.
Quanto ao ex-presidente eleito deste país, ainda internado (mas passa bem, está em franca recuperação), este recebeu a intimação em seu leito hospitalar. Declarou todos os impropérios golpistas antes e durante o seu governo (há provas documentais substanciosas), agora, acuado em sua insignificância, se declara inocente. Não obstante, o julgamento no STF prossegue, e ao que tudo indica, fará grande justiça ao povo deste país, porque seus atos foram covardes, e porque seus atos foram criminosos contra a democracia deste país.
Gaza continua sob ataque, e não vejo como possa encontrar a paz. A pax neoliberal preocupada com a livre concorrência, insinua que nada de mais ocorre nos territórios ocupados, sobretudo em Gaza. Além dos ataques aéreos, o zumbido incessante dos drones de controle inquietam a população palestina, que não tem sossego, que não podem ir e vir, que não desfrutam da possibilidade da livre concorrência. Uma violência arbitrária, que não tem limites e não se extinguirá. Um ano e meio de destruição, de mortes, de crimes de guerra.
O sionismo nunca esteve tão próximo e tão longe de alcançar seus propósitos.