05 outubro 2020

Chá nas Montanhas, 12 anos!

Um bolo português para comemorar!


E o blog Chá nas Montanhas chega hoje, dia 5 de outubro, aos seus 12 anos! Um adolescente, que não deixa de expressar os questionamentos sobre a realidade cotidiana. Sinto-me feliz em chegar a esse ponto, como um pai que vê e sente o resultado de uma dedicação contínua, sempre com muito amor. Ao longo desse tempo por quatro presidentes, dois exercendo a plena democracia, um golpista e um adulador de torturadores. O mundo se transformou dramaticamente, com o capitalismo mostrando suas garras ferozes e sua sede de sangue, destroçando muitas conquistas trabalhistas que surgiram no pós-segunda guerra. 

Uma nova ordem se estabelece, pautada na inteligência tecnológica, que cerceia nossas liberdades pelo controle e pela mentira. O prazer da vida encontra-se em refúgios cada vez mais raros, mais distantes e exclusivos, para o desfrute de uma casta progressivamente privilegiada e moralmente mais canalha. 

Bem, hoje é dia de comemoração. O blog me permite cumprir parte de minha função social, pelo engajamento nas questões sócio-político-econômicas, e isso o faço de modo contínuo nestes mais de 4.400 dias e 647 textos publicados. Foram mais de 1.370 páginas escritas, em média cerca de 4,5 postagens por mês, o que dá uma publicação a cada 6,8 dias, ou, uma a cada semana. Nem sempre esse prazo foi devidamente cumprido, no começo as postagens proliferavam mais ansiosas e foram diminuindo até encontrar uma média sustentável, que hoje gira entre duas a quatro por mês. 

De todo modo, ao longo desses doze anos, nunca ultrapassei o prazo de três semanas sem publicar um texto. Houve meses em que os compromissos com aulas, congressos, escritura de textos acadêmicos, além das demandas da vida cotidiana, fizeram com que escrevesse bem menos. Mas agora, às portas da aposentadoria e apaixonado por uma mulher maravilhosa que me entusiasma a escrever, tenho feito o que sempre imaginei para este blog, publicar crônicas mescladas em minhas experiências pessoais e em temas ou autores que mereciam uma reflexão mais apurada.  

A política segue prevalecendo nas análises, porém me vejo mais atento às sutilidades humanas, o que significa dizer, com mais tempo para o remanso da vida. A literatura tem ganho muito espaço, como as memórias pessoais. Mas não consigo deixar de me insurgir contra a hipocrisia conservadora, contra a arrogância protofascista. E quero prosseguir, pois escrever e refletir a partir da escritura de fato me completa como ator social.  

Sem dúvida é o sinal da passagem dos anos que me distancia com o desvario das conquistas incertas e me aproxima do encanto que está na passagem, ao alcance das mãos ou de nossos olhares, e que revelam amor, determinação, compaixão, serenidade.      

Vida longa para o Chá nas Montanhas!!

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Campanha pelo NO, Chile, 1988

Também em um 5 de outubro, mas de 1988, recordo a vitória do NO chileno, que impôs o fim à ditadura de Pinochet, restabelecendo, ao menos na temperatura política, o direito a manifestar-se. Muitas outras conquistas do período Allende ou da outrora democracia chilena foram deixadas de lado, como o direito universal à educação e à previdência social mais digna. 

Aquele plebiscito teve a virtude de afastar da presidência a besta fascista, ainda que ela permanecesse como senador vitalício. Dez anos mais tarde, esse golpista permaneceria  detido em Londres por quase dois anos, lutando para não ser extraditado à Espanha, onde responderia pelos seus atos criminosos. 

De qualquer forma, a vitória de 5 de outubro, por 56% a 44%, foi um alento, uma explosão de gozo reprimido por longos 15 anos, que lamentavelmente não se completou em conquistas substanciosas para a cidadania chilena.

(atualizado em 06.01.2020)




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