Luis Arce, presidente eleito |
As eleições presidenciais de
domingo, 18 de outubro, reconduziram o MAS, Movimiento al Socialismo ao
poder. É o que indicam os números ainda extraoficiais, porém reconhecidos pela
própria oposição. Sente-se que a vitória, por mais de 20%, calou de maneira
profunda nas hostes da direita golpista, que desde novembro do ano passado
governa de facto a Bolívia.
A
violência policial desses onze meses, as perseguições políticas, a censura das
informações, a corrupção descarada, encontram seu final com a recondução de um
político referendado pelo voto. Ouvi as
palavras de Luis Arce em uma suave entrevista à rádio AM750 de Buenos Aires,
ainda em campanha política, quando pesadas nuvens cinzentas pairavam sobre o
pleito de domingo. Trata-se de político e economista de grande envergadura, que
estará amparado pelos pilares populares de uma nação plurinacional, a cumprir
o caminho de desenvolvimento social.
Foi uma
vitória bonita, colorida, que exulta e traz esperanças de dias melhores para a
América Latina. Uma vitória que rompeu, a meu ver de modo contundente, com a
hipocrisia das classes dominantes e com a truculência dos grupos paramilitares
ligados a uma extrema-direita restrita à órbita de Luis Camacho. O golpe caiu
como uma fruta podre, de modo ruidoso, e aparentemente ninguém mais o pranteia.
Mas as entrelinhas dessa grande vitória nos escapam, visto que pouco soubemos
ou acompanhamos da resistência popular na Bolívia, construída dia a dia.
Por
isso quando vejo as imagens da
agora eleita senadora Patricia Arce, me orgulho com a persistente resistência
dos povos originários e tradicionais de nosso continente, principalmente nesses
momentos de conquista. É lindo de se ver. Uma mulher vilipendiada pelos gorilas
encapuzados da direita, que a humilharam e a perseguiram, "Habrán
podido cortarme el pelo, tal vez golpearme, pero mis ideas siguen
intactas", comentou na ocasião, ao recuperar seu cargo de prefeita de
Vinto.
Agora, Patricia dá a volta por cima e, com altivez, assume o cargo de senadora após estrondosa votação, certamente não para buscar vingança pessoal e reagir como seus inimigos, de maneira tempestiva e inconsequente, mas para levar avante um projeto que permitirá a recuperação social, econômica e democrática da Bolívia.
No próximo domingo, haveremos de comemorar o resultado do plebiscito no Chile.