19 agosto 2019

O rumo civilizatório

Ainda não estamos aptos a realizá-lo 


A Argentina começa a desgarrar-se, quatro anos depois, do flagelo que lhe foi imposto ao eleger o governo Macri. Na semana passada a vantagem nas PASO da oposição peronista parece ter sido decisiva para que, em outubro, seja sacramentado seu retorno ao poder. Mas a que preço isso ocorrerá? A desgovernada gestão macrista, cuja política econômica foi subsidiada por pesados empréstimos do FMI e do Banco Mundial, trará sérios problemas para a o saneamento do Estado e para a retomada do crescimento sustentável. As minas de efeito retardado foram semeadas e quem pagará será a sociedade argentina como um todo, conforme se viu com a disparada do dólar logo no dia seguinte às eleições primárias. 

Por aqui, o ex-capitão celerado dispara contra a oposição peronista, divulgando o terror, sem medir as consequências, de que a Argentina se tornará a nova Venezuela. Assim, estamos com a democracia no continente emparedada por lawfare jurídico e por bravatas de falsos profetas, cerceada desde sempre pelo poder dos conglomerados e instituições financeiras. Ainda pagaremos o pedágio de três anos até que uma nova onda democrática varra o país e condene o desgoverno que começa a nos flagelar. Serão muitas perdas, muitos atos insidiosos, muita verborragia política até que possamos reencontrar o rumo civilizatório, sin pena ni olvido.   



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