Um período muito complicado
para a política brasileira, e em especial, para o governo do PT. Não sei, mas
sinto uma pressão, uma ação poderosa, invisível, muito bem concatenada, que ganha
espaços de poder, eliminando o consolidado das práticas constitucionais. O mais
impressionante é sentir o esvaziamento do estado de direito, das conquistas
arduamente sacramentadas, dissipando-se sob o discurso duvidoso de um punhado
de arrivistas, que contagiam parcelas mais amplas da sociedade. Qual o segredo? A tola presunção, que aceita e profere os mais disparatados argumentos. Silenciosamente
imagino que em poucos meses teremos novidades drásticas.
A velocidade deixou de ser a
marca deste tempo, substituída pelo descaramento. A perda do caráter parece
constituir o santo graal desta época cada vez mais leviana e sem graça. O
futebol se repete aos borbotões, jogos sobre jogos, campeonatos que atravessam
campeonatos, onde não se considera a qualidade como norma para
proporcionar melhores espetáculos, mas a quantidade, como garantia de mais
arrecadação, de mais lucro. O debate político promovido pela mídia corporativa é de uma frivolidade completa. Ele descarta o embate dos pontos de vista distintos, e investe na ideologia de seus interesses, o
ponto de vista dominante, mercadológico. E como cidadãos, ficamos à deriva, de braços com a rotina repetitiva. Para Richard Sennett, "o que falta ao trabalhador da rotina é qualquer visão mais ampla de um futuro diferente, ou o conhecimento de como fazer a mudança".
Muita coisa parece ter se deslocado em seus significados, sem que algo estimulante tenha ganho o lugar. O que se perde,
parece se perder definitivamente, e no lugar, um nada travestido de
conhecimento.
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