15 março 2016

Tempo de dissolver



Um período muito complicado para a política brasileira, e em especial, para o governo do PT. Não sei, mas sinto uma pressão, uma ação poderosa, invisível, muito bem concatenada, que ganha espaços de poder, eliminando o consolidado das práticas constitucionais. O mais impressionante é sentir o esvaziamento do estado de direito, das conquistas arduamente sacramentadas, dissipando-se sob o discurso duvidoso de um punhado de arrivistas, que contagiam parcelas mais amplas da sociedade. Qual o segredo? A tola presunção, que aceita e profere os mais disparatados argumentos. Silenciosamente imagino que em poucos meses teremos novidades drásticas.

A velocidade deixou de ser a marca deste tempo, substituída pelo descaramento. A perda do caráter parece constituir o santo graal desta época cada vez mais leviana e sem graça. O futebol se repete aos borbotões, jogos sobre jogos, campeonatos que atravessam campeonatos, onde não se considera a qualidade como norma para proporcionar melhores espetáculos, mas a quantidade, como garantia de mais arrecadação, de mais lucro. O debate político promovido pela mídia corporativa é de uma frivolidade completa. Ele descarta o embate dos pontos de vista distintos, e investe na ideologia de seus interesses, o ponto de vista dominante, mercadológico. E como cidadãos, ficamos à deriva, de braços com a rotina repetitiva. Para Richard Sennett, "o que falta ao trabalhador da rotina é qualquer visão mais ampla de um futuro diferente, ou o conhecimento de como fazer a mudança".

Muita coisa parece ter se deslocado em seus significados, sem que algo estimulante tenha ganho o lugar. O que se perde, parece se perder definitivamente, e no lugar, um nada travestido de conhecimento. 


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