Escada para o sótão, Bruxelas, 2010
O
panorama político em nosso pais prossegue turvo, com pressões de diversos lados
contribuindo para a paralisia econômica. Os políticos de Brasília não se
entendem e a oposição tem um papel nefasto, pois além de não contribuir para um
debate construtivo, não se incomoda em jogar contra o país. Eduardo Cunha, o
presidente da Câmara, sujeito leviano e muito habilidoso no trabalho de
bastidores, constrói uma agenda conservadora que ameaça a modernidade do
pensamento brasileiro, construída a duras penas por pensadores de nossa terra, de Sérgio Buarque a Milton Santos. Ele faz o seu esforço
para que a nação regrida em suas conquistas sociais, aliando-se ao que há de
pior da bancada evangélica e com o baixo clero da casa. E o que me parece mais grave,
o governo – considerando a presidência e a bancada de deputados e senadores da
situação – parece imobilizada, sem um projeto que nos retire do impasse desde
as eleições.
De
seu lado, a mídia aprofunda seu movimento insensato contra o PT, e nestas semanas,
contra Lula. Em um texto intitulado “Operação: Zelotes. Alvo: Lula”, escrito
por Jeferson Miola e publicado na Carta Maior, há um trecho que define bem o
momento atual: “O condomínio
policial-jurídico-midiático mirou no filho de Lula para acertar no próprio
Lula, coincidentemente na véspera do aniversário de 70 anos deste que, com sua
obra, já é um dos maiores personagens da história do Brasil moderno. Este
método é parte de um plano estratégico de desconstrução, no imaginário popular,
da imagem e do patrimônio simbólico que o Lula representa”.
Tenho
esta mesma impressão, está em andamento um plano estratégico de desconstrução
da imagem não só de Lula, como do PT, insuflado por parcelas do sistema
jurídico, basta ver como se encaminha a operação Lava Jato; por parte do
empresariado, basta ver como funciona as ações do tipo Millenium; e pela grande
maioria da mídia corporativa, basta ver o argumento agressivo, sem qualquer
propósito construtivo, que estampa nas manchetes de jornais, revistas, rádio
e televisão.
O
resultado disso não parece claro; a marcha para o impeachment parece estancada,
porém, as dificuldades para se viabilizar uma política econômica vitoriosa
permanecem. Em outras palavras, há muito de artificialismo nesta crise, e pouca
vontade em resolvê-la. A sociedade organizada se mobiliza em suas demandas
pontuais, e o governo se mostra impotente para orientar-se por algum caminho
promissor.
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