El Tango, de Pedro Figari
Tenho a oportunidade de regressar a Montevidéu, para cotejar mais uma vez a ambiência convidativa de sua espacialidade, de sua gente. O lugar que recebeu Darcy Ribeiro, antropólogo, e onde desempenhou parte importante de sua obra. A cidade de Mario Benedetti, Eduardo Galeano, José Enrique Rodó, Mario Arregui, Ángel Rama, Idea Vilariño, Felisberto Hernandez, do cantante engajado Alfredo Zitarrosa, do cineasta Pablo Stoll, que dirigiu o tristemente belo Whisky.
Retorno para uma atividade intensa no congresso RAM, Reunión de Antropología del Mercosur, para a exposição de mais um trabalho, Espaço Urbano e Teatralidades Revivalistas na Cultura Jovem, onde se discutirá a presença de coletivos revivalistas - vitorianos, medievalistas e steamers, e suas representações no espaço urbano. Particularmente minha exposição se tratará do imaginário medievo em coletivos medievais, influenciados pelos games de RPG, pelas histórias midiatizadas da Távola Redonda, e de modo mais distante, pela narrativa de autores como Tolkien, C.S.Lewis, George Martin; assim como as representações criativas dos coletivos steampunks, com base em etnometodologias realizadas nos eventos de Paranapiacaba e Belo Horizonte.
Mas haverá um tempo para sentir a cidade, nas caminhadas que por certo realizaremos pela graciosa Cidade Velha, por cafés, parques, boulevares, saboreando o tempo perdido impresso nas fachadas, nas rodas de mate nas calçadas, nas sombras generosas de copas centenárias. Ainda há o som do rio-mar a espreitar, sossegadamente, à beira da rambla. Serão momentos apreciados de passagem, marcados pelo romantismo das palavras e dos olhares furtivos, sob as bênçãos de Vênus e Adônis.