31 julho 2024

Barcelona



Uma das 58 versões de As Meninas, por Picasso


Barcelona estava mais presente na memória, pelo fato de ter passado duas vezes por lá, ainda que a última tenha ocorrido há quase vinte e cinco anos. A Rambla, a plaza Cataluña, o Montjuic, o metrô, foram os espaços que identifiquei vagamente. E surgiram muitos outros, que eu e Mônica percorremos à pé, por ônibus e metrô. Nosso hotel ficava a um quarteirão da Sagrada Família, e por metrô ou ônibus, estávamos a menos de vinte minutos dos lugares que desejávamos visitar. Conseguimos permanecer na cidade um pouco mais do que em Madri, e visitar diversos museus, como o de História da Catalunha, o Miró, o Picasso, o parque Guell, além, claro, de passar uma longa manhã na maravilhosa catedral da Sagrada Família, de Gaudí. Muito se poderia dizer, mas bastam as imagens.




















































 

29 julho 2024

Cães que ladram




E o oficial alemão teria perguntado, Foi você quem fez? 
Ao que Picasso teria respondido, Não, foram vocês.
 

Uma das funções do governo de Javier Milei, e tendo a imaginar que estabelecida por uma central de chefetes à serviço de um comando do pior conservadorismo mundial, é a de propagar, tal como um bom cão adestrado, as estultices do sistema neoliberal, já em franca regressão. Aqui na América Latina, as tentações dessa linha econômica seguem disseminadas com vigor, ainda que com pouca sofisticação para uma população que aos poucos, vai se dando conta do embuste da coisa. Tem sido assim no Peru, foi assim na Colômbia, começa a ser assim na Argentina de Milei. Amparado na sagração de seus quatro cães, ele reverbera os modos de um quinto, mais instável e fútil, vociferando a torto e direito, claramente a serviço de um dono. Atacou a esposa de Pedro Sanchez, avançou sobre Macron, rosnou contra Lula, e agora late furiosamente contra Maduro. De modo submisso, gosta de se achegar com o rabo no meio das pernas a sujeitos como Netanyahu ou Elon Musk. Verdadeiramente, não passa de um marujo que por uma conjunção de circunstâncias, está posto como almirante do navio, sem o menor desejo de compreender como o vento sopra.

Seu comportamento ecoa no entorno de seu governo, e a ministra Diana Mondino decide se manifestar, fazendo acusações precipitadas contra o sistema eleitoral venezuelano. Tudo parte de um grande jogo de cena, para produzir muito barulho por nada, e logo ser esquecido. Talvez seja essa mesma a proposta, expor grosserias as mais vis e sem comprovação, reduzir o nível intelectual do debate, seduzir as franjas com baixa formação política e, pela impostura tonitruante, sedimentar legiões de imbecis. Aconteceu isso em nosso pobre Brasil, com a aventura bolsonarista e a ascensão de uma trouppe de ignaros, acontece nos EUA de Trump, e agora, tristemente, na Argentina de Milei. Serão três anos e meio de investidas aleatórias, violentas e inconsequentes, enquanto a economia interna se desfaz, via custo de vida, desemprego, desregulamentação do trabalho, redução do poder aquisitivo. As vozes midiáticas não irão repercutir tanto essa tragédia social, na intensidade que gostam de fomentar a respeito da Venezuela. Os cães seguirão ladrando, enquanto a caravana passa.



24 julho 2024

Berlim, 2024




Berlim, oitava vez, e se não sempre a possibilidade de novas descobertas, certamente a alegria de rever espaços e pessoas. Uma cidade especial, que me traz prazer por muitas e diferenciadas razões. Desde seu jeito mais tranquilo de ser, sua planura graciosa que nos permite desvelar seus meandros arborizados, seus cafés convidativos, seus parques e museus, seja caminhando, ou utilizando o bem-instalado transporte urbano. Desta feita me detive em lugares urbanos já conhecidos, perscrutando os detalhes à volta, desfrutando a tranquilidade dos bancos públicos para a escritura. Não houve pressa, e minhas pernas aceitaram o ritmo. Os dias de verão estiveram agradáveis, perfeitos para um período de pleno descanso. Estive só por suas ruas, e depois estive acompanhado, por Mônica, por Sofia, por Klaus. Ao final, a triste constatação, por que as despedidas são tão dolorosas?