Poema de Augusto de Campos |
31 março 2020
25 março 2020
Processo falimentar
No dia 17 de março, uma segunda-feira, diante do palácio
do Planalto, um jovem imigrante haitiano, esteve frente a frente com o capitão
que ocupa a presidência do país e vaticinou com coragem e contundência,
"Bolsonaro acabou! (...) Você não é presidente mais, precisa desistir...
você está espalhando o vírus e vai matar o povo brasileiro". A surpresa da
primeira parte da fala, você não é mais presidente, desencadeou uma compreensão
coletiva da ópera bufa que vivemos há mais de um ano, como se a fala do
haitiano quebrasse o encanto maligno que continha a população em seu mórbido
silêncio. De lá para cá, os panelaços diários pelo país expressam o desgosto
que esse desgoverno tem representado, sobretudo para os trabalhadores e para as
classes menos favorecidas. A especialidade de sua ação, e nesse sentido tem
sido muito bem-sucedido, é incorporar mais poder e capital aos donos privados
dos meios de produção, ponto.
A segunda parte de sua fala, embora não pudesse se referir
ao futuro que agora vivemos, deixava claro um alerta simbólico, você está
espalhando o coronavírus. No caso, ele referia-se ao descuidado pessoal com que
o capitão tratava a questão. O jovem haitiano não podia prever o catastrófico
comportamento do capitão em suas falas desconjuntadas e que ontem, em cadeia
nacional, questionou o poder da pandemia em que vivemos. A luta em que grande
parte das nações do mundo se empenha para debelar a expansão do vírus, aqui no
Brasil ganha um conjunto de inimigos: esse capitão desqualificado e, não por
coincidência, a base de apoio que o elegeu, uma parcela celerada de
empresários, de líderes evangélicos e de analfabetos funcionais esparramados
por todas as categorias de trabalho e classes sociais, que insistem em
questionar o isolamento estabelecido já há alguns dias. Estes insistem em
colocar a economia acima da vida, simples assim.
Vivemos então nesse momento sui-generis em que temos um
desgoverno federal que, malgrado a onda de contaminação que varre o planeta,
encontra-se sem um planejamento estratégico para debelá-la. E pior, ainda
encontra apoiadores. Não é possível identificar os objetivos de tamanha e
insana ignorância em um momento como o que vivemos. Ou pensando melhor, talvez
seja muito fácil entender. Esse capitão é um psicopata, com seu comportamento
agonista que fere de morte qualquer capacidade de liderança. Em outras
palavras, conseguiu enganar/seduzir uma considerável parcela da população no
processo eleitoral, mais pela imagem construída do que por suas habilidades de
estadista e agora, acorralado por sua incompetência e pela
falta de paciência dos que esperavam alguma mudança, age de modo destemperado,
infrutífero, guindado para a frente tal qual uma besta com antolhos, sem ter a
menor noção do que pode desencadear.
Seguirá de braços dados a uma legião disforme e se o governo que representa não chegou ao seu desfecho, como bem alertou tête-a-tête o jovem haitiano, haverá de minguar a cada dia, até o amargo fim.
Seguirá de braços dados a uma legião disforme e se o governo que representa não chegou ao seu desfecho, como bem alertou tête-a-tête o jovem haitiano, haverá de minguar a cada dia, até o amargo fim.
04 março 2020
Almafuerte, uma poesia
Almafuerte, o poeta da adversidade |
¡Piu Avanti!
No te des por vencido, ni aun vencido,
no te sientas esclavo, ni aun esclavo;
trémulo de pavor, piénsate bravo,
y arremete feroz, ya mal herido.
Ten el tesón del clavo enmohecido
que ya viejo y ruin, vuelve a ser clavo;
no la cobarde intrepidez del pavo
que amaina su plumaje al menor ruido.
Procede como Dios que nunca llora;
o como Lucifer, que nunca reza;
o como el robledal, cuya grandeza
necesita del agua y no la implora…
Que muerda y vocifere vengadora,
ya rodando en el polvo, tu cabeza!
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